18.10.04


“Naquela noite não o vi partir. Saiu sem fazer barulho. Quando consegui alcançá-lo ele caminhava decidido, num passo rápido.
Disse-me apenas:
-Ah! aí estás...
E segurou a minha mão. Mas preocupou-se de novo:
-Fizeste mal. Tu sofrerás. Eu parecerei estar morto e isso não será verdade...
Eu me calara.
-Tu compreendes. É muito longe. Eu não posso carregar este corpo. É muito pesado.
Continuava calado.
-Mas será como uma velha concha abandonada. Não tem nada de triste numa velha concha...
Fiquei mudo.
Perdeu um pouco da coragem. Mas fez ainda um esforço.
-Será lindo, sabes? Eu também olharei as estrelas. Todas as estrelas serão como poços com um roldana enferrujada. Todas as estrelas me darão de beber..."

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